Era um dia comum. Não, pior: era domingo.
Chovia muito lá fora. A cama ainda desfeita lhe fazia um convite quase indecente, a televisão prometia entretenimento inútil pelo resto da tarde. O corpo brigava. Estava tão cansado da noite anterior que era inconcebível obedecer os comandos de levantar da cama, banhar-se e sair. Se bem que, comer era uma boa pedida.
Mas existia - e se exigia - o dever cívico. Jornalista iniciante, chefe de família cedo demais, sonhos e promessas. Nada grave porém, as piores promessas eram aquelas do horário eleitoral. Mas..fazer o que? Tinha que tentar fazer a diferença.
Saiu de casa achando que ia mudar o mundo. E quem mudou foi ele. Sem opção, ou por um lapso de atenção - difícil saber - achou que o intervalo de carros era suficiente para passar. Correu, e não deu. Não chegou ao outro lado, ficou ali mesmo. Ou foi o carro que veio rápido demais? Faz diferença agora? A mente confusa, novamente o corpo sem comando - agora por outros motivos - o medo e a espera.
Longa espera..quanto tempo já havia se passado? Lutava contra si mesmo, queria que alguém o escutasse falar. Será que ninguém o ouvia? Não estava gostando das novas condições que as circunstâncias lhe impunham.
Lidava com a incapacidade de agir, e nós, com a de ajudar.
Não foi dessa vez..
(* em homenagem a um amigo)
Merecida homenagem.
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