quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Essa fica pra próxima

Acho que não sou tão diferente assim. "Oito entre cada dez pessoas não querem mais fazer promessas de ano novo", diz pesquisa publicada no jornal O Globo. E eu aqui, me achando tão incomum por estar cansada dessa tradição de felicidade ao extremo.
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"Parar de fumar, emagrecer, fazer exercício físico... Em geral a chegada de um novo ano é a época para deixar hábitos ruins de lado e fazer promessas para uma vida saudável. Mas em uma pesquisa recente, publicada pelo Daily Mail, oito em cada dez ingleses disseram não mais planejar promessas de ano novo. O motivo? As promessas seriam ultrapassadas e uma perda de tempo".

"As principais razões para não fazer pomessas, segundo a pesquisa, são: porque são perda de tempo; porque vou desistir; estou feliz como sou; porque são metas irreais; são ultrapassadas; não tenho nada para mudar; ninguém mais faz promessas; eu faço mudanças ao longo do ano". (diz matéria do O Globo publicada em 29/12)
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Porque a madrugada de 31 de dezembro tem que ser a melhor de todos os tempos? E as sete ondinhas, as dietas, a felicidade, o sucesso, o dinheiro, chegam todo ano? To começando a achar que ficam sempre para o ano que vem..

Para 2011, apenas paz e clareza para seguir vivendo, por favor.
Prometo me respeitar, seguir minha intuição e vontade, e acima de tudo, não prometer.

FELIZ ANO NOVO

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Ímpeto da mudança

Sim, está tudo bem. E não, não tenho a pretensão de parar de escrever no blog.

É só que...

Já reparou que nos momentos de maior frustração, raiva ou tristeza são também as ocasiões em que nos encontramos mais inspirados? Pois é. Por mais contraditório que soe, problema é exatamente esse: está realmente tudo bem.

Agora que escrevi estas linhas honestamente culposas, reparei como o ser humano é doido. Precisamos nos incomodar com uma situação para sair da inércia. Quando estamos à flor da pele choramos, gritamos e brigamos, mas está ali o ímpeto da mudança.

Já passei por essa revolução algumas vezes. A última delas me fez criar o blog e, conseqüentemente, mudar de emprego. E por isso hoje estou feliz.

Felicidade que me fez parar de escrever.

É...a vida é cheia de ciclos.

Deixa eu ir aproveitar o momento antes que a fase da mudança venha de novo correndo atrás de mim.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

A Banda

Acho graça de quem acha a vida simplista. Mas não recrimino.

É difícil,em algumas situações, ser menos fatalista do que o poema Ou Isto ou Aquilo de Cecília Meireles, o grito de Independência ou Morte de Dom Pedro, ou o Ser ou Não Ser de Shakespeare.

Depois de milhões de romances produzidos pelos estúdios de Hollywood, mil juras de amor de Vinícius de Moraes e todos os finais felizes dos contos de fadas, quem prefere aceitar que não há um momento em que - um dia - seremos felizes para sempre?

É muito mais prático - e ilusoriamente confortante - olhar apenas para o horizonte e acreditar na realidade plana, onde é sempre uma coisa ou outra. Mas a verdade é bem diferente. Aliás, que bom que é.

Se por um lado a simplicidade nos ajuda nas decisões, por outro é limitante. Nada é muito bom ou muito ruim e vivemos na superfície blasé. Essa ideia me causa repulsa. Doa o que doer, quero mergulhar na vida. Sentir cada momento triste e rir do máximo que puder. Não serei aquela cantada por Chico, a sentar na janela para ver a banda passar.

Eu vou é tocar tambor!

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Domingo

Era um dia comum. Não, pior: era domingo.

Chovia muito lá fora. A cama ainda desfeita lhe fazia um convite quase indecente, a televisão prometia entretenimento inútil pelo resto da tarde. O corpo brigava. Estava tão cansado da noite anterior que era inconcebível obedecer os comandos de levantar da cama, banhar-se e sair. Se bem que, comer era uma boa pedida.

Mas existia - e se exigia - o dever cívico. Jornalista iniciante, chefe de família cedo demais, sonhos e promessas. Nada grave porém, as piores promessas eram aquelas do horário eleitoral. Mas..fazer o que? Tinha que tentar fazer a diferença.

Saiu de casa achando que ia mudar o mundo. E quem mudou foi ele. Sem opção, ou por um lapso de atenção - difícil saber - achou que o intervalo de carros era suficiente para passar. Correu, e não deu. Não chegou ao outro lado, ficou ali mesmo. Ou foi o carro que veio rápido demais? Faz diferença agora? A mente confusa, novamente o corpo sem comando - agora por outros motivos - o medo e a espera.

Longa espera..quanto tempo já havia se passado? Lutava contra si mesmo, queria que alguém o escutasse falar. Será que ninguém o ouvia? Não estava gostando das novas condições que as circunstâncias lhe impunham.

Lidava com a incapacidade de agir, e nós, com a de ajudar.

Não foi dessa vez..


(* em homenagem a um amigo)

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Hoje

O mundo dá voltas. Se você tiver que aprender uma única lição, então que seja essa. Com essas palavras, nos levantamos. Com elas nenhuma experiência é a melhor que existe, nem há dor que perdure infinitamente. Para o bem ou para o mal, nada permanece imóvel ou inerte no tempo.

Hoje posso dizer que sou - ou estou - muito feliz. Dá medo né? Vivemos percorrendo a felicidade e muitas vezes não percebemos quando estamos em sua companhia. Porque vivemos contra o tempo, almejamos muito, ou porque insistimos em viver a espera do futuro. E você já reparou que, ironicamente, ele sempre adia sua visita?

Por isso aprendi a ser feliz com as pequenas coisas - aquelas que ninguém vê. Amo dias bonitos de sol. Dias de chuva em baixo do cobertor. Ressacas curadas com um bom mergulho no mar. Crises de risos inexplicáveis, rosas inesperadas, sorrisos sinceros, abraços carinhosos. Adoro o cheiro que só o verão tem, dançar esquisito em conjunto, passar um dia inteiro só com amigos, viajar.

Quanto mais faço o que gosto, mais acho tempo para cuidar de mim, para investir na minha carreira e cuidar do meu futuro. Mas sem esquecer o agora. Daqui a pouco o mundo gira. Boba serei eu - ou nós - se não aproveitar o que tenho hoje.

O que te faz feliz?

Carpe Diem

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Os mil sorrisos de Magno

Durante os 960 dias que estudei na PUC não me lembro de algum dia ter visto Magno triste. Além do seu belo sorriso, sua elegância – está sempre de terno, geralmente da cor cáqui – e bom humor lhe são constantes. Ninguém sabe ao certo o que ele faz – e para a maioria, não importa. O normal é cruzar por ele pelos corredores da faculdade, o cumprimentar, e seguir caminho.

Se as salas de aula estiverem abertas, computadores e vídeos funcionando e o ar condicionado resfriando, ninguém nota a presença – ou ausência – do morador de Nova Iguaçu. Saio por ai perguntando as pessoas o que ele faz. Ninguém acerta. Mas todos sabem quem ele é. “Magno? Claro, é uma pessoa muito simpática, que trabalha com o Aníbal. Ele é como um faz-tudo da PUC”, uma aluna responde.

Luis Carlos Magno é técnico do laboratório de audiovisual do departamento de Comunicação da PUC-Rio. Antes que todos cheguem à faculdade, lá está ele para destrancar salas, ligar projetores e garantir suporte aos professores.

Mas nem sempre foi assim. Ele começou na PUC no estacionamento, como guardador de veículos e por sua dedicação, subiu de cargo. Não é para menos. Enquanto muitos ainda nem dormiram, o ‘faz-tudo’ já está de pé. “Eu me levanto às 3h30 da manhã, para estar às 5h40 na faculdade. Porque como eu nunca gostei de chegar 15 minutos atrasado, eu procuro chegar 1h antes”, conta.

Conversar com o Magno é como uma aula de sobrevivência. Ele me fez pensar sobre o ambiente de trabalho ao que, muitas vezes, somos submetidos: quantas vezes vi uma função não ser bem executada por falta de trabalho em equipe? Quase sempre noto nas pessoas um desejo voraz de ser melhor que o outro, de passar por cima dos demais, quando se pode avançar junto, justo. Precisamos ser capitalistas o tempo todo?

O mundo exige de nós o tempo inteiro. Desde cedo aprendemos a proteger o que é nosso. Mas desde quando isso significa destruir o castelinho de areia do outro?

Construa o seu!

Existe quem vem tirar a tua paz, mas assim, sabe como eu procuro responder? Com um sorriso”.

Fica a dica.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Nublado

Sentada de frente para o mar vejo tudo o que passou. O vento bagunça meus cabelos, o céu está negro e posso sentir as gotas de chuva caindo sobre mim.

Não é o tempo ruim que me deprime. O sol poderia estar a pino que meu estado de espírito continuaria cinza. Pelo menos assim eu me confundo com o tempo. Que pretensão essa de que devemos estar felizes o tempo todo!

Assim, com os pés na areia, óculos escuros e mirando o horizonte, ninguém parecia reparar nos meus devaneios. Não, nada grave está acontecendo. Não estou em crise e não tenho muito do que reclamar. Mas me deixa?

Olho para o céu e peço que as gotas de chuva lavem minha consciência e afastem meus pensamentos para longe. Ah, como deve ser feliz aquele que, por pelo menos um dia, consegue deixar de pensar. Porque insisto em carregar o mundo em minhas costas?

Hoje - e somente hoje - tenho vontade de me misturar ao tempo e sair sobre o balanço do vento sem me preocupar com nada além daquele breve instante de frescura.

Só o que importa é a nuvem carregada que não pode deixar de cair, as ondas que não podem deixar de bater e o tempo, que insiste em passar e apagar tudo. O melhor é voltar pra casa e dormir. Deixar que a vida siga seu rumo. Amanhã começa tudo de novo..

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Maluquices

Sou o tipo de pessoa que gosta de explicação para tudo. E quando não há, invento. E sou tão boa nisso, que fica até crível. Outras pessoas, ao contrário, acreditam que ações anteriores são a explicação para um fato. Um amigo apaixonado pelo São Paulo congela todas as notícias que saem na mídia sobre o seu time. E acredita que isso ajuda no desempenho da equipe.

E aqueles que garantem que o tempo vai mudar porque sentiram a cicatriz coçar, perna fisgar, ou qualquer outra coisa? Tem quem não passe debaixo de escadas, faça o sinal da cruz toda vez que cruze uma igreja ou não suporte histórias de fantasmas.

Quem vai dizer que não é verdade? E porque?

Pouco importa - pelo menos para a minha humilde vida - no que os outros acreditem, contando que aquilo os conforte. Mas uma coisa não faço: jamais digo que aquilo é besteira..vai que alguém roga uma praga pra cima de mim?! Vai saber....

(Semana que vem tem personagem invisível novo na área!)

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Fugacidade

Sempre fui inimiga do tempo, e desconfio de quem não é. Quando queremos que o tempo passe rápido, as horas se estendem propositalmente. Se precisamos que um dia tenha 36h, o fim de semana dure mais, ou aquela festa não acabe, ele voa.

Como tratar com cordialidade o responsável pelo fim da infância? Gostaria de ser apresentada a quem gostou de trocar vestidos por calça jeans, bonecas por maquiagem, merendeiras por barrinhas de cereal. E depois, a quem preferiu se despedir do pátio do colégio, do jogo de queimada, das aulas insuportáveis de física para ficar com a faculdade e os estágios..

Quando se pensa que vai melhorar, o vilão da vez - que nunca deixa de trabalhar - acelera tudo mais um pouco e nos vemos dando adeus à faculdade, aos bares no meio da tarde, aos trabalhos, para ingressar no mundo burocrático dos adultos. Bem fez foi Peter Pan que ficou pela Terra do Nunca..

Acho que por isso que o tempo é invisível..eu também preferia permanecer no anonimato se tivesse a função dele. Uma das coisas que mais me incomoda em dias de saudosismo como este, são as ideias que junto com os dias, também vão embora.

Quantas vezes - e a quantas pessoas - juramos amizade eterna, amor infinito, cumplicidade maior do mundo? Quantas vezes se ouviu dizendo que este ou aquele foi o melhor dia de sua vida? E o pior? Quantos planos, viagens e histórias nunca sairam do papel?

Perdoem-me, aliás, pelo surto de infantilidade, mas para onde vai tudo?

Ninguém é insubstituível. Assim como o tempo, tudo sempre passa.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

A arte do comum

Sua arte exigia precisão e qualquer falta de atenção o obrigaria a começar tudo de novo. Mas sua naturalidade era tanta, que ele parecia nem se importar – talvez pelo tempo que tinha de profissão – conversava alegremente com qualquer um que passava.

Sua simpatia contrastava enormemente com a matéria prima: aço, ferro, metal, graxa. Nunca tinha reparado no talento invisível de pessoas como o do seu Manoel. Ele, aliás, leva uma vida semelhante a artistas iniciantes: vida humilde, falta de reconhecimento e muitos sonhos.

Ideais que talvez ele não cumpra em vida. Aos 70 anos, nenhum de seus oito filhos deseja seguir a mesma carreira. "Todos estão casados, diz Manoel orgulhoso, mas nenhum quer continuar meu trabalho. Meu filho até tentou, mas quando começou a sujar suas mãos de graxa, desistiu.Hoje é professor”.

Mas isso não abala o artista, que tem muito orgulho do que faz. Nascido em Camaçari, cidade do interior da Bahia, Manoel veio para o Rio em seus vinte e poucos anos, encontrar com uma irmã que aqui já morava. Se mudou para o Grajaú, onde viveu maior parte de sua vida – agora mora em Caxias –, e sempre trabalhou na zona sul. Ficou um tempo em Copacabana e há uns 20 anos seu posto é em botafogo, nas redondezas do Humaitá.

Quando pergunto se sente saudades de sua terra, ele prontamente responde que não. “Lá não é mais a minha terra. Todas as pessoas que conheci por lá já se foram, só tenho um irmão que ainda vive lá, de resto não tenho mais identificação”. Admiro a sabedoria das pessoas mais simples. Ao invés de gastar dinheiro em análises, são educados pelo pão nosso de cada dia.

Conheci seu Manoel ao acaso. Precisava fazer a cópia de uma chave e seu posto fica na esquina do meu trabalho. Mas seu Manoel pode ser qualquer um, e ter várias profissões. Afinal, quantos artistas do cotidiano não percorrem nossa cidade?

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Mentirinha branca

Crianças e idosos são portadores de uma característica rara e curiosa: falam sempre a verdade. Então, se preferes permanecer na ignorância, fique longe desses seres cruéis.

Acho que eu mesma não ouvi essa recomendação. Fui passar o fim de semana em uma fazenda, onde estava uma velhinha bem simpática, daquelas que possuem uma lingua afiada - o que pode ser carismático, quando você não é o alvo.

Pois bem, me aproximei e ela, não hesitante em puxar um assunto, perguntou o que eu fazia da vida. Eu, orgulhosa com a minha recente colação de grau, respondi, ingênua:
- Acabei de me formar em jornalismo.
A reação dela foi a pior possível. Tentando não parecer descortês, ela forçou um sorriso e o resultado foi que a emenda foi pior do que o soneto..

Não foi a primeira vez que isso aconteceu, dei um sorriso sem graça e para evitar novos constrangimentos, pensei em uma nova tática. Dependendo de quem faça essa pergunta vou responder outra coisa:médica, advogada, profissões que não se desdobrem em reações duvidosas, uma mentirinha branca.
Ai uma viagem..nos tornaremos - nós jornalistas - vítimas da invisibilidade?

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Entre a farda e a batina

Voz imponente, corpo truculento e palavras doces. Do alto dos seus 2,02 metros Padre Marcelo Assis Paiva parece ainda maior quando está no altar da pequena igreja de Nossa Senhora da Luz, no Alto da Boa Vista. De inicio sua presença pode inibir algum visitante desavisado, mas os fiéis frequentadores da igrejinha parecem nem reparar, interagem com o padre de forma contagiante e se concentram quando começa o sermão.

O número de pessoas que assiste à missa do Padre Marcelo Assis impressiona. É sábado à tarde, em um ponto longínquo e escondido do Alto da Boa Vista e a igreja, cheia de integrantes da meia e terceira idade, acompanhados de filhos e netos. Seu discurso é diferente, adaptado ao mundo moderno, e usa os frequentadores da missa como exemplo. E ele não faz feio, conhece a todos pelo nome.

Há seis anos, Assis foi transferido de Madureira para o Alto da Boa vista, depois que o então sacristão da igrejinha foi assassinado. Mas não foi só a altura de Assis que o fez ser escolhido. É que além de padre, ele é também policial militar. Assis é um dos sete padres do Rio de Janeiro que é também capelão. A profissão é antiga e assegurada pela Constituição Federal.

A pedido da Arquidiocese do Rio padre Marcelo Assis se inscreveu e passou no primeiro concurso para capelão da PM, em 1994. “Para mim foi muito natural. Eu já venho de uma instituição hierarquizada. Não precisei entrar na polícia para aprender isso. Desci túnel, recebi granada de gás lacrimogêneo, tirei dez em tiro”, conta.

Depois de seis meses de treinamento, ele se tornou policial com porte de arma – que não usa por ser padre. “Estou na polícia para os policiais, e não para garantir a segurança pública”, explica. Hoje, aos 45 anos, ele presta assistência religiosa a policiais vítimas de armas de fogo e as respectivas famílias no Hospital Central da Polícia Militar, HCPM, no Estácio. Lá ele também reza uma missa toda segunda-feira, sempre ao meio dia.

A experiência no quartel e sua rotina diária foram fundamentais para que ele entendesse melhor a realidade dos policiais militares. “Você perde o preconceito do policial corrupto. Eles não têm estabilidade no emprego, convivem com o lixo da sociedade, lidam com todas as mazelas, pobreza, tráfico, convivem com o que há de pior”, admite.

Mas o número de capelães no Rio ainda é pequeno se comparado ao número de integrantes da corporação militar, que chega a 38 mil homens, segundo o site da PM, e à extensão territorial do estado. Padre Marcelo Assis conta que áreas mais distantes ficam prejudicadas e que, por isso, o governador Sérgio Cabral, resolveu dobrar o número de capelães de sete, para 14.

O trabalho de Assis na PM mudou sua impressão sobre a corporação, e com certeza influenciou na sua função de padre. Mas para a igrejinha Nossa Senhora da Luz a rotina dele passa quase despercebida. O que importa é que a missa não atrase. Enquanto isso, Marcelo Assis segue se dividindo entre a farda e a batina.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

O monstrinho da escrita

Certa vez me deparei com a seguinte pergunta: Porque você escolheu jornalismo? Era um daqueles questionários infindáveis - e cruéis - típicos de processos seletivos. Como traduzir a emoção que tenho ao escrever um texto em uma linha sintética, concisa e lógica de palavras?

E a melhor resposta que tive na época foi: Eu não encontrei o jornalismo, ele me encontrou. Brega não? Mas é verdade. Acho que o texto sempre esteve dentro de mim, o que a longo prazo se tornou problema, porque desenvolvi uma relação retraída com ele. Sempre tive dificuldade de dividi-lo.

Uma coisa é trabalhar para um veículo, outra é partilhar textos próprios.
Minha teoria - e acostumem-se, sou cheia delas - é que o que se escreve vem carregado de subjetividade, e o que sinto ao mostrá-lo a alguém, é que estou expondo uma grande parte de mim. E como é desafiador!

Então me tornei jornalista, não escondo minha paixão pela arte de escrever, mas sempre fui resistente a criar um espaço meu, embora desejasse muito. Foi preciso uma amiga criar um blog para eu me sentir encorajada o suficiente para fazer o mesmo. Enfim, liberei o monstrinho da escrita.

Apresento a vocês uma proposta ousada e diferente: pautas sobre - como o próprio nome do blog diz - os invisíveis. Histórias sobre aqueles que nos passam despercebidos no dia-a-dia ou que escolhemos não ver. Pessoas que se tornam nobres pelo trabalho que praticam, simplicidade que possuem, ou contribuição que deixam para o mundo.