sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Entre a farda e a batina

Voz imponente, corpo truculento e palavras doces. Do alto dos seus 2,02 metros Padre Marcelo Assis Paiva parece ainda maior quando está no altar da pequena igreja de Nossa Senhora da Luz, no Alto da Boa Vista. De inicio sua presença pode inibir algum visitante desavisado, mas os fiéis frequentadores da igrejinha parecem nem reparar, interagem com o padre de forma contagiante e se concentram quando começa o sermão.

O número de pessoas que assiste à missa do Padre Marcelo Assis impressiona. É sábado à tarde, em um ponto longínquo e escondido do Alto da Boa Vista e a igreja, cheia de integrantes da meia e terceira idade, acompanhados de filhos e netos. Seu discurso é diferente, adaptado ao mundo moderno, e usa os frequentadores da missa como exemplo. E ele não faz feio, conhece a todos pelo nome.

Há seis anos, Assis foi transferido de Madureira para o Alto da Boa vista, depois que o então sacristão da igrejinha foi assassinado. Mas não foi só a altura de Assis que o fez ser escolhido. É que além de padre, ele é também policial militar. Assis é um dos sete padres do Rio de Janeiro que é também capelão. A profissão é antiga e assegurada pela Constituição Federal.

A pedido da Arquidiocese do Rio padre Marcelo Assis se inscreveu e passou no primeiro concurso para capelão da PM, em 1994. “Para mim foi muito natural. Eu já venho de uma instituição hierarquizada. Não precisei entrar na polícia para aprender isso. Desci túnel, recebi granada de gás lacrimogêneo, tirei dez em tiro”, conta.

Depois de seis meses de treinamento, ele se tornou policial com porte de arma – que não usa por ser padre. “Estou na polícia para os policiais, e não para garantir a segurança pública”, explica. Hoje, aos 45 anos, ele presta assistência religiosa a policiais vítimas de armas de fogo e as respectivas famílias no Hospital Central da Polícia Militar, HCPM, no Estácio. Lá ele também reza uma missa toda segunda-feira, sempre ao meio dia.

A experiência no quartel e sua rotina diária foram fundamentais para que ele entendesse melhor a realidade dos policiais militares. “Você perde o preconceito do policial corrupto. Eles não têm estabilidade no emprego, convivem com o lixo da sociedade, lidam com todas as mazelas, pobreza, tráfico, convivem com o que há de pior”, admite.

Mas o número de capelães no Rio ainda é pequeno se comparado ao número de integrantes da corporação militar, que chega a 38 mil homens, segundo o site da PM, e à extensão territorial do estado. Padre Marcelo Assis conta que áreas mais distantes ficam prejudicadas e que, por isso, o governador Sérgio Cabral, resolveu dobrar o número de capelães de sete, para 14.

O trabalho de Assis na PM mudou sua impressão sobre a corporação, e com certeza influenciou na sua função de padre. Mas para a igrejinha Nossa Senhora da Luz a rotina dele passa quase despercebida. O que importa é que a missa não atrase. Enquanto isso, Marcelo Assis segue se dividindo entre a farda e a batina.

13 comentários:

  1. Gostei do texto, cunhadinha!!!
    Quando vi no twitter quase achei que era o padre dos balões hehe. Esse padre casou o meu tio Nuno! Muito figura! Pelo tamanho e expansividade também não pode ser chamado de invisível. rsrs
    Brincadeiras à parte, parabéns pelo blog e pelo post. Gostei muito da ideia e da execução. Toca isso aí pra frente que eu quero ver novos posts! Sucesso e beijão!

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  2. Sensacional! Como você ficou sabendo da historia desse padre? muito legal...MESMO!!!

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  3. Esse padre é ótimo!
    Parabéns pelo post!!!!
    quero mais....

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  4. Obrigada gente! =)

    @Livia: achei ele no grande mestre google! Curioso não?

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  5. Como frequentador da Paróquia Nossa Senhora da Luz, dou aqui meu testemunho que, o nosso Padre Marcelo tem o dom de bem acolher suas "ovelhas".
    Resgatou a espiritualidade e a fé cristã em toda a minha família e por isso, sempre lhe serei grato.
    Seu jeito carinhoso e preocupado com a coletividade que o cerca é cativante e indispensável.
    Apenas informo que também há missas aos Domingos: 9 horas e também às 10:30 horas (missas especialmente direcionadas às crianças), além de outros dias e horários, os quais não tenho o hábito de participar. Nos primeiros Domingos dos meses, às 12:00 horas, também celebra missa na Capela Mayrink, dentro do Parque Nacional; imperdível!
    Alberto Fernandes.

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  6. Sim..conheço bem Padre Marcelo, ele é uma pessoa incrivel....
    Solange Leite

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  7. Ele é o cara, foi escolhido a dedo, e quem escolheu foi jesus !!!!!!!!!!!!!!!!!!

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  8. Falar do Pe Marcelo é facil, dificil é não ve-lo. As missas são fantasticas, graças ao meu irmão, nós o conhecemos e a familia, composta de 20 pessoas, sempre que podemos, vamos a missa pra agradecer sempre, pois pedir, nós pedimos à Deus e ninguem melhor pra compartilhar da alegria do dom recebido, do que pelo Pe. Marcelo. Se houvesse um Papa Carioca, esse seria ele. Te Amamos.
    Familia La Marca.

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  9. Acompanhei esta caminhada desde o inicio, e tudo começou láaaaaaaaaaaaaa no Sul, o icentivo,a beleza dos irmãos padres e fraters, me sinto feliz por isso.....

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  10. Andréa, Fernando, Lucas, João Pedro e Daniel8 de janeiro de 2011 às 01:57

    Padre Marcelo? Ah, esse mora no nosso coração. Muito bom saber de tantos que o admiram como nós. Nós a amamos. Ele é uma pessoa essencial em nossas vidas. Boca de Deus para nós.

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  11. Levei, um irmão para o Sul, lá ele olhou , participou de tantas coisas.... e viu a religiosidade, e caladinho.... seguiu seu caminho e ai esta o nosso querido e amado Pe. Marcelo, que benção....

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  12. O Padre Marcelo batizou a minha filha, e escolhemos que ela fosse batizada por ele. O sermão de batismo dele é o melhor que já ouvi. Que Deus o Abençoe sempre.

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