terça-feira, 31 de agosto de 2010

Fugacidade

Sempre fui inimiga do tempo, e desconfio de quem não é. Quando queremos que o tempo passe rápido, as horas se estendem propositalmente. Se precisamos que um dia tenha 36h, o fim de semana dure mais, ou aquela festa não acabe, ele voa.

Como tratar com cordialidade o responsável pelo fim da infância? Gostaria de ser apresentada a quem gostou de trocar vestidos por calça jeans, bonecas por maquiagem, merendeiras por barrinhas de cereal. E depois, a quem preferiu se despedir do pátio do colégio, do jogo de queimada, das aulas insuportáveis de física para ficar com a faculdade e os estágios..

Quando se pensa que vai melhorar, o vilão da vez - que nunca deixa de trabalhar - acelera tudo mais um pouco e nos vemos dando adeus à faculdade, aos bares no meio da tarde, aos trabalhos, para ingressar no mundo burocrático dos adultos. Bem fez foi Peter Pan que ficou pela Terra do Nunca..

Acho que por isso que o tempo é invisível..eu também preferia permanecer no anonimato se tivesse a função dele. Uma das coisas que mais me incomoda em dias de saudosismo como este, são as ideias que junto com os dias, também vão embora.

Quantas vezes - e a quantas pessoas - juramos amizade eterna, amor infinito, cumplicidade maior do mundo? Quantas vezes se ouviu dizendo que este ou aquele foi o melhor dia de sua vida? E o pior? Quantos planos, viagens e histórias nunca sairam do papel?

Perdoem-me, aliás, pelo surto de infantilidade, mas para onde vai tudo?

Ninguém é insubstituível. Assim como o tempo, tudo sempre passa.

5 comentários:

  1. Adorei Lili! Me deu saudade de tanta coisa.. ai ai...

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  2. uma passadinha por aqui
    dps leio com calma
    =]

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  3. "Um século, três,
    se as vidas atrás
    são parte de nós.
    E como será?" Ninguém sabe; o tempo.

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  4. O tempo..o mais poderoso e o mais solitário..

    @Pietro lindo o seu blog..dei uma passadinha por lá =)

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  5. Como diria o trocador do trocadilho mais infame, na vida tudo é passageiro. Mas a sua resposta tá no último post: Carpe diem. Vai tudo pra dentro da gente e nos ajuda a crescer. É bom curtir as lembranças da infância, mas já que ela passa resta mantê-la no espírito e, aproveitando as vantagens da idade, ser uma criança com mais independência, maturidade e experiência. Guarde no peito os antigos amigos e amores e curta os novos. A burocracia dos adultos não assusta tanto depois que você aprende que, como naquela época de joelhos ralados, um sorriso ainda abre muitas portas. E os planos ainda podem sair do papel ou ser substituídos por planos melhores.

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